Essa é uma parte técnica, porém fundamental para você que quer entender um pouco mais sobre a sua dor, e posteriormente, sobre o tratamento da sua dor.
Primeiramente precisamos saber que nosso sistema nervoso é composto de duas partes fundamentais: a parte periférica – constituída pelos nervos e estruturas nervosas que estão nos nossos órgãos, tecidos e membros, e a parte central – constituída pela medula espinal e pelas estruturas cerebrais.
Por todo nosso sistema nervoso, possuímos estruturas conhecidas como nociceptores, que são como antenas capazes de perceber os estímulos ao nosso redor. Esses estímulos podem ter características químicas, mecânicas, táteis, vibratórias… são todo tipo de sinal que acontece ao nosso redor. Numa situação fisiológica, esses estímulos servem para perceber apenas aquilo que tem potencial álgico, ou seja, capacidade de gerar dor (ou algum dano).
Percebido o estímulo, o receptor o transforma em uma informação. Essa fase é conhecida como TRANSDUÇÃO.
A informação gerada será então conduzida primeiramente até a medula espinal por um nervo periférico. Dentro da medula, o nervo fará uma sinapse (comunicação entre nervos) e transferirá a informação a um outro nervo, agora do sistema nervoso central, que seguirá subindo por toda medula até chegar no cérebro. Essa é a fase de TRANSMISSÃO.
No cérebro, a informação será processada, sofrendo influência de vários órgãos e estruturas do sistema nervoso central, tais como tálamo, hipotálamo e ínsula. Esse momento é onde ocorre a PERCEPÇÃO da dor. A estruturação da informação que chegou ali, que agora passa a ser entendida como dor. Essa influência das diferentes estruturas cerebrais ocorre de maneira diferente para cada pessoa, uma vez que está relacionada com as experiências prévias do indivíduo, tais como medo, humor, memória e senso discriminativo.
Neste momento, seu corpo já é capaz de perceber a dor. Porém, como defesa inata, temos uma última fase da criação da dor, que se constitui pela condução da informação de volta a medula. Nesse trajeto de retorno, é feita a MODULAÇÃO da dor. A regulagem, assim dizendo, do quanto essa dor realmente será sentida e na sua magnitude. É como se o seu corpo tivesse um última chance de controlar o estímulo. Esse sistema também tem relação com características individuais, gerando mais uma vez, a individualidade na sensação de dor.
Depois de tudo isso, você já percebeu que a dor não é uma simples informação. É uma experiência completa gerada por um processo muito complexo e que depende de inúmeros fatores.
Esse trajeto é muito importante de ser entendido, já que determina as várias faces de intervenção no controle da dor, a individualidade dessa sensação é a diferença entre dor aguda e crônica; pois todo esse processo funciona dessa maneira quando estamos em homeostase – o pleno e “normal” funcionamento do corpo.
Quando a dor é crônica, você nem mesmo precisa do estímulo para gerar todo o processo, que pode ocorrer espontaneamente…. Mas esse assunto, a gente trata outro dia!