Por que minha dor não passa?
Esta pergunta é justamente o que define a dor aguda e a dor crônica. E essa diferenciação é muito importante.
Mas afinal, o que é dor?
Dor não é só um sensação. Dor é uma experiência, relacionada com a agressão que você sofreu, misturada com o sentimento que isso provocou em você e como seu corpo lidou com isso.
Na medicina, dizemos que algo é agudo quando está restrito a um determinado período de tempo. No caso da dor, um incômodo que apareceu, geralmente relacionado a um fato que o paciente consegue pontuar, e que vai embora. Geralmente dura até 4 ou 6 meses e está relacionada a dor nociceptiva, ou seja, o tipo de dor que se relaciona com os órgãos e tecidos do corpo, após algum tipo de injúria - ou agressão. Serve primordialmente como sinal de que algo não vai bem, e chama nossa atenção para investigarmos alguma doença. Essa investigação inicia-se com o especialista da área em questão. Por exemplo: se você caiu e quebrou o pé, você deve procurar um ortopedista. Se tem dor no peito, um cardiologista, e por ai vai…
Já a dor crônica possui características totalmente diferentes, não só no que diz respeito à duração do incômodo (mais do que 6 meses), como também pelo modo como a informação de dor é processada no organismo, o que implica em diferentes abordagens de tratamento também.
De maneira bem didática, quando você sente alguma dor, essa informação chegou através de uma agressão percebida pelos seus receptores (estruturas que percebem alterações daquilo que é normal ou não) e passou pelos seus nervos, medula espinhal e estruturas cerebrais até ser realmente interpretada como dor. É um percurso bem complexo que na dor aguda funciona de um jeito, e na dor crônica, de outro.
Existem diversos fatores que levam uma dor aguda a cronificar, e eles promovem alterações na estrutura e funcionamento de todos os componentes deste percurso. Depois de um tempo, nervos que nem deveriam levar informações de dor passam a levar, áreas do cérebro relacionadas com afetividade são diretamente acionadas, e comportamentos dolorosos começam a surgir; com eles, depressão, ansiedade, dentre outros. Esse tipo de dor é conhecido como dor neuropática (já que tem uma alteração nos nervos), mas pode ser mista também, com componentes de dor nociceptiva.
Entenda então, que a dor crônica é muito complexa, pois envolve não somente o controle de todo um longo percurso de informações, como também o controle daquilo que está interferindo na dor e que não deveria estar ali. Infelizmente, muitas dessas alterações são permanentes. Por isso dizemos que a dor, muitas vezes, não tem cura.
Não ter cura não quer dizer que você vai ter que “aprender a conviver com a dor”, como se diz por ai…Não quer dizer que não existam alternativas para aliviarmos seu sofrimento, mas que sim, você pode aprender a viver sem dor.
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